Enfrentando o Lobisomem
Num repente, lembrei-me estar em noite de lobisomem - era sexta-feira.
Caminhava lentamente, olhando luar do sertão e contemplando a constelação, quando adveio aquele figurão de cachorro, uns bons palmos de pelo e raiva.
Dei um pilo de cabrito e preparado estava para a guerra do lobisomem. Por descargo de conciência,chamei a todo o que é santo conhecido: _ São Jorge, São José, Santo Onofre!
Era tanta a apelação que mais brabento ainda se portava a peste. Ciscava o chão de soltar terra pra longe de até dez braças estendidas.Era trabalho para gelar qualquer cristão que não estivesse em dias com o seu rosário e confissões.
Dos olhos do lobisomem pingava labareda, em risco de contaminar de fogo todo o verdal adjacente..
Depois de " pernas para quem te quero"encontrei uma figueira e de lá de cima do galho mais firme, fiquei só na espreita, aguardando a hora de atirar, já com a garrucha engatilhada.
O assombrado espiava daqui e de acolá, como se eu fosse uma súcia deles. Aquele par de brasas, sabidão, cheio de voltas e negaças, deu ele de executar macaquices que nunca cuidei que um lobisomem pudesse fazer.
O que o galhofista assombrado queria é que eu fosse rolar no barro com ele, denigrir a minha veste e cair na sua armadilha.
No alto da figueira estava, no alto da figueira fiquei,assim que raiou o dia a figura de pelos e raiva, não tinha mais aquele par de brasas que metiam medo, era somente um lobinho sonolento.
Adaptado de O coronel e o Lobsomem, R.Janeiro.______________por Vera bola
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