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sexta-feira, novembro 13, 2015

A visita de um primo distante

Sorrateiro

Bateram à porta; era um primo que há tanto tempo não o via. Estranhei apenas que ele, primo, viesse acompanhado de um cão.

Cão não muito grande, mas bastante forte, de raça indefinida, saltitante e com um ar alegremente agressivo. No instante que meu primo, efusivo me cumprimentava; o cão aproveitando as saudações, se embarafustou casa adentro e logo o barulho na cozinha demostrava que ele tinha quebrado alguma coisa.

Eu atônito, encompridei as minhas orelhas, enquanto o meu primo com ares de quem não tinha nada a ver com a coisa. “Ora, veja você, a última vez que nos vimos foi...” “E você casou também?” O cão passou pela sala, entrou pelo quarto, o tempo passou com a conversa, novo barulho de coisa quebrada.

 Naquele momento eu já não mais me concentrava nas conversas do primo, estava focado aos ruídos que vinham dos aposentos, enquanto ele, primo, portava-se com total indiferença. “Quem morreu definitivamente foi o tio... Você se lembra dele?” “Lembro, ora...”

O cão, mais um salto, quebrou o abajur que estava sobre o móvel e agora pulou sobre o sofá com suas patas sujas. A tensão era tanta que preferi nem tomar conhecimento do cão.E, por fim o primo se foi. Despediu-se efusivo como chegara, e se foi. E foi..

Mas.. e o cão?  “Esqueceu-se do seu cão, primo, gritei!” “Cão? Cão? Ah, não, não é meu, não. Quando entrei ele entrou naturalmente comigo, e eu pensei que fosse seu. Não é seu primo?” (...)
                                                                   (Adaptado de F. Millôr. Lit. Port.1980)                                                                                                                                                                    Por Vera Bola.

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